Secretários e empresas alvos de inquérito em Limeira
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012Um inquérito instaurado na semana passada e que embasou operação realizada ontem pelo Ministério Público investiga secretários do alto escalão do governo do prefeito afastado Silvio Félix (PDT). Também são alvos ex-secretários de áreas importantes da administração municipal, servidores do setor de licitações, advogados, presidentes de partidos políticos, assessores políticos e várias empresas que ganharam concorrências públicas abertas pela prefeitura. As empresas, a maioria empreiteiras, realizaram diversas obras – como reformas em centros comunitários e em imóveis que abrigariam creches, além de construção de escolas.
Todas as pessoas e empresas citadas aparecem em depoimentos colhidos pelo MP desde o final do ano passado, após familiares do prefeito serem presos, acusados de vários crimes, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e sonegação fiscal. A partir da investigação criminal aberta para apurar suposto enriquecimento ilícito de parentes de Félix, o MP também instaurou um inquérito na área cível. Com base em depoimentos de pessoas que já atuaram e que atuam no governo, o inquérito vai investigar eventual ato de improbidade administrativa consistente em supostos direcionamentos e fraudes em licitações públicas abertas durante a administração de Félix.
Os secretários investigados são: Renê Soares, presidente do SAAE, e Sérgio Sterzo (Governo e Desenvolvimento). Já no rol dos ex-secretários, estão Flávio Pardi (Administração), Ítalo Ponzo (Planejamento e Transportes) e Marcos Camargo (Turismo e Eventos) – todos eles extremamente ligados ao prefeito afastado.
Também consta como investigado Benedito Rosada, o “Dito”, amigo de longa data de Félix, que coordenou as campanhas eleitorais do prefeito e que teve um cargo na prefeitura de segundo escalão no primeiro mandato do atual governo. Outro ex-servidor de confiança que está na mira do MP e que faz parte do inquérito é Carlos Henrique Pinheiro, o `Ricko’, preso junto com a então primeira-dama Constância Félix em 24 de novembro. Também figura na investigação o advogado Thulio Caminhoto Nassa, réu em ações do MP e que também atuou para a empresa SP Alimentação.
EMPRESAS
Chama a atenção no inquérito o número de empresas que também estão sendo investigadas. Segundo os depoimentos colhidos, elas teriam participado de esquemas envolvendo direcionamentos de licitação.
Veja quais são as empresas e algumas obras e reformas que realizaram: 1) Ribeiro e Mecatti Limeira (Centro Comunitário do Morro Azul); 2) Verus Engenharia e Construções (EMEIEF `Preparando para o Futuro’); 3) Conplan Construções e Planejamento Urbano (EMEIEF `Aldo José Kühl’); 4) Prime Engenharia e Construções (centros comunitários); 5) Bonk Engenharia e Construções (reformas de creches); 6) JCM Construtora (reformas de imóveis que iriam abrigar creches); 7) SP Alimentação; e 8) Estação Brasil (contrato de publicidade).
Cinco promotores participam das investigações: Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, Renato Fanin, Cleber Masson, André Luís de Souza e Ernani Vilhena Júnior – estes três últimos do Projeto Especial Tutela Coletiva.
MP investiga suposta compra de votos
Durante a operação que apreendeu documentos na prefeitura, o promotor de Justiça Cleber Masson afirmou que já estão abertas investigações sobre vereadores da cidade Limeira. A suspeita é de recebimento de vantagens ou dinheiro em troca de posicionamentos políticos envolvendo a CP (Comissão Processante), a qual o prefeito afastado Silvio Félix (PDT) está submetido. Nos bastidores, falam em quantias milionárias que estariam sendo negociadas para, supostamente, blindar Félix da cassação. O MP já tem denúncias em mãos.
“Não posso ainda divulgar nomes, mas há vereadores investigados. A vinda do projeto Tutela Coletiva a Limeira não foi por acaso e, neste momento, estamos vasculhando todas as ilegalidades que possam estar relacionadas (à CP)”, afirmou Masson. Ele foi enfático ao afirmar que o MP já tem “notícias de que alguns vereadores estariam recebendo vantagem indevida”. “Cada vereador deve ter o posicionamento que achar correto. O que não se pode tolerar é uma votação com interesses escusos. Digo isso não somente como promotor, mas como alguém que gosta muito de Limeira”, declarou Masson.
Ele fez um alerta ao fato de Limeira já ter “precedentes estranhos”, apontando, sem citar nomes, um caso de corrupção denunciado pelo MP em 2010 e que envolveria os serviços de merenda escolar e políticos da cidade. “O Ministério Público está apontando problemas na política de Limeira há tempos e ainda tem gente insistindo que está tudo bem. Esta é a hora da população cobrar respostas. E os interesses políticos não vão nortear os trabalhos do Ministério Público”, finalizou.
Relatório pede a cassação
Relatório finalizado ontem pelo vereador Ronei Martins (PT), relator da Comissão Processante, pede a cassação do mandato do prefeito afastado Silvio Félix (PDT). A informação foi confirmada ontem por um assessor do Legislativo – já que Ronei não quis antecipar seu posicionamento. Presidente da CP, Miguel Lombardi (PR) só vai tornar público o conteúdo do documento hoje, durante a última reunião da comissão.
A sessão será às 18h e é aberta ao público. Cinco vereadores vão votar o relatório. Decisão final sobre destino de Félix é do plenário.
Alvos do inquérito
* João Carlos Ferreira (vulgo João Gordo)
* Flávio Pardi
* Ricko Pinheiro
* Benedito Rosada
* Renê Soares
* Ítalo Ponzo Júnior
* Sérgio Sterzo
* Émerson Luís Davoli
* Cassiana Pessati de Toledo
* Milton Caram
* Marcos Camargo
* José Josué dos Santos (vulgo Messias)
* Valdemir Alves de Brito (vulgo Val Brito)
* Walter Giglio Júnior
* Thulio Nassa
* Vera Lúcia Mattiazzo
* Ribeiro e Mecatti Limeira
* Verus Engenharia e Construções
* Conplan Construções e Planejamento Urbano
* Prime Engenharia e Construções
* Bonk Engenharia e Construções
* JCM Construtora
* SP Alimentação
* Estação Brasil Publicidade
Fonte: Jornal de Limeira
Na minha opinião, essa cassação não tinha que acontecer mesmo, pois até o momento não apareceram provas contra ele! Se ele roubou dinheiro da prefeitura, mostre ele arrombando o cofre.. se recebeu propina, digam o nome das empresas… Acho isso tudo uma guerra de holofotes, começando pelos promotores e até com os vereadores… querem se promover às custas de um caso imaginário e armado.